3 de janeiro de 2022

Li, gostei e recomendo... a palavra aos leitores

O que nos diz Daniel Faria, aluno do 10.º F da Escola Secundária Alcaides de Faria, sobre este livro que leu, gostou e recomenda:

Fahrenheit 451
Autor: Ray Bradbury
Editor: 11 x 17
Coleção: Bang
Edição: 2020
N.º de págs.: 240
Categoria: Romance (Ficção científica)
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"Cresci com uma ideia bem definida acerca dos bombeiros: heróis reais que acodem às pessoas, apagam fogos, salvam gatinhos presos em árvores, etc. No livro que li, no âmbito da atividade “10 minutos a ler”, esta realidade é completamente invertida. Fahrenheit 451, uma obra de ficção científica escrita em 1953, é o trabalho com mais sucesso de Ray Bradbury e é um livro que me surpreendeu e que recomendo vivamente por espelhar muitíssimo bem a sociedade de hoje.
A história passa-se num ambiente distópico, num futuro indeterminado. Segundo uma das personagens, a sociedade evoluiu privilegiando a felicidade e o prazer, ou seja, uma sociedade hedónica. Como os livros ameaçavam este ideal de felicidade, introduzindo complexidade e contradição desnecessárias na vida das pessoas, eles foram proibidos. O que começou com uma questão de evolução social acabou por ser lei, com o governo a proibir os livros e a encarregar os bombeiros de os queimar.
O protagonista, Guy Montag, é precisamente um bombeiro. Ele nunca questiona a destruição causada e, no final do dia, regressa para a sua vida apática com a sua esposa, Mildred, que passa o dia imersa na televisão. Um dia Montag conhece Clarisse, a sua excêntrica e curiosa vizinha, que o leva a questionar o mundo à sua volta e a si mesmo. Apresenta-lhe um passado onde as pessoas viviam sem medo e dá-lhe a conhecer ideias expressas em livros. Quando ele conhece Faber, um professor de inglês que lhe fala de um futuro em que as pessoas podem pensar, Montag apercebe -se subitamente do caminho que tem de seguir. 
Fiquei maravilhado com o quão bom foi o trabalho de Ray Brodbuy em prever tantos aspetos da cultura moderna. Por exemplo, a extrema polarização das pessoas, os seus pensamentos acerca dos resultados dessa polarização extrema de uma sociedade onde a dissidência é proibida e em que as outras opções são ignoradas e rejeitadas, ou seja, onde há apenas uma interpretação permitida para tudo. Um conjunto de factos que nos autorizam a acreditar. E para o sistema/governo, esta crença resulta supostamente numa sociedade mais feliz. 
Outro aspeto que me suscitou bastante interesse foi o facto de tudo ser questionado, até mesmo o protagonista; ele está mergulhado num mundo de ignorância onde o sistema quer que ele permaneça e finalmente ele abre a sua mente para o que se passa ao seu redor. Há cenas em que Montag se mostra agressivo porque é abalado por ideias novas. Este questionamento à sua volta leva-o a perceber o quão superficial é a felicidade das pessoas porque é precisamente isso que o estado quer: nenhuma insegurança, nenhum pensamento existencial, toda a gente segue a mesma linha desde o seu nascimento.
Ler este livro no mundo de hoje é arrepiante. Basta ligar a televisão durante 5 minutos e ver aquilo que ela nos apresenta todos os dias, olhar para o lixo televisivo que invade milhões de casas diariamente, para aquela imensa promoção de ignorância e estupidez. Depois de ler esta obra é impossível não vermos os milhões de Mildreds que enchem as nossas ruas, demasiado fracas para enfrentar a complexidade do mundo que as rodeia, refugiando-se em programas de vida falsificadas e de desinformação. 
O autor não previu o futuro até ao ínfimo detalhe, mas Fahrenheit 451 é com certeza um excelente e terrível espelho da sociedade atual. Adorei este livro emocionante e saber que é mais atual do que quando foi originalmente publicado é mais uma prova da genialidade do autor."
[Este livro consta no fundo documental da biblioteca da ESAF] 
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