3 de novembro de 2008

Halloween na Biblioteca - reza a crónica!






fotos: JD

Halloween em 3 Actos

Depois da azáfama inicial - duas horas antes do início de “Halloween na Biblioteca” - sistema de som que resolve falhar à última mas que depois lá se decide, alunos e professores numa roda viva, nervosismo nas vozes que se preparam para criar ambientes, retoques finais na maquilhagem dos nossos "fantasmas", pregos que ainda faltam pregar no vitral do cenário, um slideshow que não roda num dos computadores, e tantos outros pormenores cabíveis num espaço onde, para além dos livros, dos computadores, dos dossiês, dos cds, dvds e outros recursos, teimámos em fazer acontecer pequenas ousadias culturais… Depois da azáfama, dizíamos, chegava a hora de abrir portas e deixar que o espírito de halloween, já patente na abóbora tocada pela luz da velas e nos cartazes alusivos com poesia dos alunos, entre outros adereços distribuídos pelo espaço, tomasse agora a totalidade da biblioteca.

Este ano tivemos novamente E. Allan Poe (A Queda da Casa de Usher - lembram-se?), que viu lida e dramatizada uma das suas histórias de alucinação e medo The Tell-Tale Heart, pela voz e a expressão do professor Rui de Campos e alguns dos seus alunos (momento alto e dramático). Seguiu-se-lhe mais, mas agora em português, com José Régio.

O Cântico Negro, pela voz da professora Virgínia Rafael (de negro trajada, face ao vitral da cena), soou e tocou os presentes, tal a força do só “sei que não vou por aí ” final.

E porque “era a hora do medo…”, chegara o momento do poeta doido desvairar pelos corredores do castelo abandonado ao som de uivante ventania, de portas rangendo e do grito de corvos nas ameias. No centro do cenário, o vitral iluminado, personagem magnética de um outro poema de Régio, que haveria de fechar a noite – “O Poeta Doido, o Vitral e a Santa Morta” -, deixava transparecer a silhueta de um vate alucinado e sonâmbulo ante “as sombras doidas” que “esvoaçavam contra os muros”, enquanto três vozes que o diziam em toada de conto nocturno e frio, povoavam a noite de arrepios. O vitral acabaria quebrado nos seus estilhaços de esferovite e celofane roxo, vermelho e amarelo, assustando alguns mais incautos, ao som da voz dos alunos: António e Salete e da professora Marieta. Pela sala cirandavam vultos de vestes negras, e na retina ficava a imagem da santa de alvo rosto marmóreo, agora desperta do seu longo sono, depositando um ósculo sobre a cabeça do poeta morto. Coube esta encenação aos alunos do 12ºT, orientados pela equipa da Biblioteca.

Prometera-se uma noite de prosa e poesia, literatura e medo, um Halloween diferente, marcado pela sombra das palavras e quiçá esta evocação literária tenha sido um pequeno contributo mais para aproximação à leitura (cremos que sim). Mas, certos ficámos, de que foi uma noite de animação cultural.

A escola tem destas coisas, não pode deixar de ter, porque isto também forma, cultiva. A biblioteca é , neste contexto e em concordância com os objectivos que presidem à sua missão, um lugar de encontro cultural, um outro complemento às actividades lectivas.

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