14 de maio de 2022

Histórias na primeira pessoa - a revisitar o 25 de Abril de 1974

Momentos inesquecíveis, a seis de maio, na sala de leitura da biblioteca da ES Alcaides de Faria. Entre nós, duas testemunhas vivas e participantes de um momento histórico - o 25 de Abril de 1974. Ali, perante uma plateia de jovens que nasceram muito depois da Revolução dos Cravos, tal como os seus pais, estavam dois homens que, há 48 anos, se encontravam no epicentro de uma revolução, que haveria de instaurar o regime democrático e restituir liberdade, direitos e garantias aos portugueses. Ali estavam o furriel miliciano Manuel Correia da Silva e o cabo apontador José Alves Costa. O primeiro, comandava a chaimite Bula que transportou Marcelo Caetano e dois ministros para a Pontinha (a caminho do exílio); o segundo, também ele um "herói improvável", desobedeceu às ordens do Brigadeiro Junqueiro dos Reis para disparar sobre a coluna de Cavalaria, comandada por um dos mais destacados heróis de Abril (Salgueiro Maia).
Ali, 48 anos depois, no espaço de uma biblioteca, local de literacias e saberes, ouvimos atentamente estas duas figuras, a narração das suas memórias, o relato, na primeira pessoa, de um pedaço da nossa História.
Hoje, experimentamos sentir o que foi estar na coluna militar do Capitão Salgueiro Maia e o que sentiu e captou Manuel Correia da Silva, Furriel miliciano, quando a seu lado, no interior da chaimite Bula, se sentou Marcelo Caetano, presidente do Conselho deposto, a caminho do exílio, mas também o mar de gente que, nesse Largo do Carmo, gritava pela Liberdade e aplaudia o fim de uma ditadura de quase meio século. Hoje, ouvimos atentamente José Alves da Costa, Cabo apontador de um carro de combate M47, falar do momento crucial de desobediência às ordens de disparo sobre os homens de Salgueiro Maia. Ordens, com ameaça de morte, proferidas por um Brigadeiro afeto ao regime ditatorial. E compreendemos como essa desobediência, em boa hora, marcou o desenrolar dos acontecimentos, fazendo da Revolução de 25 de Abril 74 um momento de insubordinação sem derramamento de sangue, sem, quiçá, uma revolução sangrenta.
Esta manhã, na biblioteca da ESAF, foi um raro privilégio poder ouvir estes homens e retirar lições da História. #25Abril

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