23 de outubro de 2019

À conversa com David Machado - sobre livros, leitura e escrita

É sempre motivo de imensa satisfação quando uma biblioteca recebe um escritor e, nesse contexto, face a face, podem os leitores ouvi-lo e interpelá-lo. Motivo de satisfação acrescida quando o autor se chama David Machado, reconhecido no panorama literário contemporâneo e que faz parte de uma geração de novos autores da nossa língua que têm conquistado, da parte do público leitor (dos miúdos aos graúdos), entusiástica receção. A sua obra faz jus a esse reconhecimento. Motivo acrescido ainda quando se olha e vê uma biblioteca apinhada de alunos e professores, leitores de diferentes idades, num espaço como este onde a leitura, os livros e as histórias são sempre tão especiais. 
Assim aconteceu esta manhã, pelas 10h, num momento de partilha e de leituras! David Machado, com obra feita nos domínios da ficção literária, do romance e do conto às narrativas de cariz infanto-juvenil, com títulos premiados em diversos contextos: Prémio Branquinho da Fonseca, da Fundação Calouste Gulbenkian e do jornal Expresso (2005); Prémio Autor SPA/RTP 2010 (melhor livro juvenil); Prémio da União Europeia para a Literatura - 2015 (com o livro Índice Médio de Felicidade, que em 2017 foi transposto para o grande ecrã pelo realizador Joaquim Leitão); esteve connosco e falou-nos do seu ofício de escritor, do seu universo ficcional, das suas obras e das temáticas que as atravessam. Na sua pessoalíssima alforge de escritor já lá constam livros (da sua lavra), tais como: Histórias Possíveis (2008); A Noite dos Animais Inventados (2006); O Fabuloso Teatro do Gigante (2008); Acho que posso ajudar (2014);  Deixem Falar as Pedras (2011); Índice Médio de Felicidade (2013); Debaixo da Pele (2017); Não te afastes (2018), entre outros títulos. 
Hoje tivemos o gosto de ouvir belas passagens, lidas pelo autor, de um título seu mais recente, o livro Não te afastes, aventurosa incursão do jovem Tomás pelos meandros da grande cidade (mas sob os efeitos devastadores de um furacão - qual dilúvio de proporções inauditas) em fuga e, paradoxalmente, em busca de si próprio, confrontando os seus medos, mas também e de forma inusitada pondo à prova a resistência da sua coragem. Sem levantar demasiado o véu sobre a trama deste último romance para todas as idades, aludiu ainda a uma amizade improvável e só concebível em momentos extraordinários, como os vividos pela personagem Tomás.
Sim, o Índice Médio de Felicidade (no nosso entender, uma elegia à esperança quando confrontados com a queda, a crise e o caos vivencial) marcou também presença na conversa desta manhã, desde logo com a leitura, pela prof.ª Marieta, de um trecho emblemático daquele livro e com a chamada à colação de uma temática também ela perceptível no contexto experiencial de várias das suas obras: o medo, a coragem, a esperançosa busca da felicidade, sem que dela se faça um totem nem tão pouco um obsessivo "Eldorado". 
E assim foi, hoje, à conversa com David Machado, cientes de que com encontros assim chegamos um pouco mais aos leitores, em prol de mais e melhor leitura, mas também de conhecimento do que se faz na literatura portuguesa contemporânea.
[Gratos ao escritor, ao Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares de Barcelos, à Biblioteca Municipal de Barcelos]


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