25 de novembro de 2012

Pensar a ética prática e os valores - na primeira sessão do Quint`Ethos

Quint`Ethos, o espaço de discussão e partilha de ideias que, com a regularidade possível, decorrerá na sala de leitura desta biblioteca escolar, iniciou-se, como já havíamos dado conta, na passada quinta-feira, dia 22/11, com a presença de Nuno Fadigas, professor de Filosofia, doutorando em Ética Prática, investigador no âmbito da Filosofia e da Educação. 
Face a uma plateia de jovens e vários professores, que ao local se dirigiram, para ouvir falar de valores, Nuno Fadigas, falou-nos, sem concessões à facilidade, sobre a candente questão da ética prática e dos valores no contexto atual, começando, logo a abrir, por postular a asserção clara de que "pensar os valores é fazer inequivocamente filosofia". Mas, não obstante vogar numa discursividade de natureza filosófico-axiológica, o palestrante mostrou prender a atenção da plateia com recurso à exemplificação de situações onde as questões valorativas se colocam de sobremaneira. 
Superando de certo modo o maniqueísmo das dicotomias, Nuno Fadigas abordou as tradicionais caraterísticas da historicidade, do absolutismo, da perenidade, da relatividade... dos valores, para de seguida lhes aplicar uma estratégia de desconstrução argumentativa, questionando inteligentemente o lugar comum da designada "crise de valores" que, segundo a sua ótica, não existirá propriamente, pois, com mais propriedade, se deverá falar antes de uma "crise da representação (tradicional) dos valores". 
Numa sessão onde não se deu pelo correr do tempo, um momento de agradável fluir de conceitos, ideias e argumentos, nada melhor e suscitador da curiosidade dos jovens, que o ouviram atentamente, que finalizar com a assunção de que "pautar uma vida por valores é, enfim, levar uma vida livre", pois, definindo-se em liberdade, são afinal os valores que ampliam a nossa liberdade.

Porque estamos convictos de que as bibliotecas escolares são espaços de liberdade, a par da sua ineludível função de apoio ao currículo e de centro de recursos que são por função e natureza; porque as vemos (a elas, bibliotecas) como portas para o saber e um poderoso antídoto contra a menoridade intelectual, sabemos por isso que na companhia dos livros são sempre bem vindas estas iniciativas, sempre acarinhadas estas propostas vindas de nossos colaboradores; e, sobretudo, sempre bem vindos aqueles que, no contexto escolar, queiram trazer os seus alunos, porque cientes de que a formação destes nunca é espartilhada, antes global, integral.

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