Gil Vicente, o mestre da dramaturgia portuguesa, esteve de volta à ESAF (depois de, em novembro passado, ter sido aqui representada uma das suas farsas Quem tem farelos?), desta vez com a representação, pela mesma companhia de teatro - A Capoeira, do Auto da Índia, no serão de quinta-feira, 26 de janeiro.

E tal como da primeira vez, com cerca de duas centenas de pessoas, na maioria alunos, mas também professores, pais e visitantes, o espaço Multiusos da escola vibrou, não só pela azáfama dos espetadores, mas pela original adaptação da peça vicentina, levada a cabo pela companhia de teatro, uma versão em tudo centrada na temática da obra (o adultério, em contexto de expansão ultramarina, quando os homens partiam, quais conquistadores para outras índias, que não o contexto presente para onde demandam agora os nossos contemporâneos, em busca de melhor sorte, nas europas e américas), porém, em consonância com os tempos que correm, numa figuração e caracterização de tipos sociais, ajustada à realidade de hoje.
Numa interessante “subversão” (como alguém classificou, não em sentido pejorativo, antes bem criativo), revisitou-se o Auto da Índia com a sua estrutura esquemática intacta (expectativa da Ama quanto à partida do Marido para a Índia e a predisposição, que não esconde, para o adultério, num primeiro tempo; a consumação da sua leviandade, com entrada em cena das personagens do Castelhano e o Lemos, num segundo e central momento; e, finalmente, aquando do retorno do marido, a manifestação da hipocrisia e o “reprimido” desagrado da ama pela chegada deste). Só que não estávamos em "Quinhentos", nos tempos da expansão ultramarina, mas sim no séc. XXI (mais de 500 anos sobre a representação do auto perante a Rainha D. Leonor – 1509), com figurinos e alusões às condições dos tempos que correm e com peripécias condizentes.
Estivemos perante uma sessão de teatro onde o humor e a comicidade das cenas pontuaram a representação, dando-lhe matizes algo surpreendentes no que concerne ao espaço/tempo, sobretudo para quem vinha na expectativa de assistir a uma peça mais próxima da ação clássica e assistiu a uma versão marcada pela contemporaneidade e a crítica a alguns dos seus tipos e costumes (não muito diferentes, afinal, dos de outrora).
Tal como Gil Vicente quereria, também nós nos divertimos.
[Aguçando a curiosidade: se queres aceder a uma sinopse desta farsa (o primeiro texto teatral de Gil Vicente, que foi escrito quase na totalidade em português) – e, por alguns estudiosos, considerada a primeira farsa da literatura portuguesa, nada como dar um salto até este sítio, aprofundar pormenores com os teus professores de Português ou consultar as obras sobre o assunto, que disponibilizamos na biblioteca.]
Estivemos perante uma sessão de teatro onde o humor e a comicidade das cenas pontuaram a representação, dando-lhe matizes algo surpreendentes no que concerne ao espaço/tempo, sobretudo para quem vinha na expectativa de assistir a uma peça mais próxima da ação clássica e assistiu a uma versão marcada pela contemporaneidade e a crítica a alguns dos seus tipos e costumes (não muito diferentes, afinal, dos de outrora).
Tal como Gil Vicente quereria, também nós nos divertimos.
[Aguçando a curiosidade: se queres aceder a uma sinopse desta farsa (o primeiro texto teatral de Gil Vicente, que foi escrito quase na totalidade em português) – e, por alguns estudiosos, considerada a primeira farsa da literatura portuguesa, nada como dar um salto até este sítio, aprofundar pormenores com os teus professores de Português ou consultar as obras sobre o assunto, que disponibilizamos na biblioteca.]
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