" O tempo tem elipses indecifráveis, mas o tempo se encarrega de as desvelar.
Foi num desses instantâneos em desvelo que conheci alguém elipticamente escondido que rasgava o caminho abruptamente murado.
Insistia, insistia em se mostrar e eu, eu não o via, até que um outro alguém me deu a ler algo que me fez entrar numa dessas elipses.
Percorri então uma linha sem fim dentro de uma outra circular cerrada, intransponível.
Deu-se a explosão!
Chama-se Guilherme de Faria
Aconteceu no dia da Poesia!"
texto de Messá
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Gulherme de Faria, in Poemas [1922], pp.15-17; Poetas e poéticas | guilherme de faria, Cosmorama, 2007
Foi num desses instantâneos em desvelo que conheci alguém elipticamente escondido que rasgava o caminho abruptamente murado.
Insistia, insistia em se mostrar e eu, eu não o via, até que um outro alguém me deu a ler algo que me fez entrar numa dessas elipses.
Percorri então uma linha sem fim dentro de uma outra circular cerrada, intransponível.
Deu-se a explosão!
Chama-se Guilherme de Faria
Aconteceu no dia da Poesia!"
texto de Messá
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Num grande mar de luz, a tarde cai,
Morre, desfeita em sombras… E a tristeza
Da agonia do sol que, ao longe, vai
Expirando, anoitece a natureza.
Hora triste e magoada como um ai!
Hora saudosa, eterna e portuguesa!
- Ave Maria… Ave Maria… - E cai,
Mais profunda e nostálgica, a tristeza.
Pairam nuvens de sonho sobre os montes;
E, mudo, ouvindo a música das fontes,
Eu vou com ela, extático, a sonhar!
E, no mar, vai o sol a esmorecer…
- Quem me dera, meu Deus, também morrer
Para, amanhã, no azul – ressuscitar!
Gulherme de Faria, in Poemas [1922], pp.15-17; Poetas e poéticas | guilherme de faria, Cosmorama, 2007