Perante uma plateia constituída por alunos de cinco turmas (do 7.º ao
12.º ano), biblioteca cheia, revisitou-se hoje aquele "dia inicial inteiro
e limpo / onde emergimos da noite e do silêncio" (Sophia), assinalando
assim, em ambiente de sensibilização, mas também de festa, o quadragésimo
quarto ano da "Revolução de Abril de 1974". Celebrámos a Liberdade
por via das palavras, da poesia, do conto, da música e das canções; evocámos
histórias e conversámos com um dos militares de Abril, o coronel Bacelar Ferreira,
que em 25 de abril de 1974 assumiu, como elemento das Forças Armadas (posto de
Capitão), o comando da Unidade (BAM, Póvoa de Varzim) e participou nas ações
militares que lhe foram atribuídas - ocupação da ponte de Vila do Conde, sobre
o rio Ave e ocupação da emissora de rádio Azurara. Falou-nos da Revolução da
Abril, dos ideais que dali emergiram e conduziram à instituição de um regime
democrático; falou-nos da liberdade como condição de felicidade; salientou o
quanto é importante lembrar a conquista dos valores democráticos e preservar o
seu mais lídimo sentido; alertou para os perigos que a democracia corre nos
tempos de hoje, face à emergência de derivas totalitárias e de ideologias
avessas a valores como a solidariedade, a equidade, a liberdade (em todas as
suas dimensões); soube ainda lembrar que o cerne da nossa civilidade
democrática, assente em direitos e valores que nos são intrinsecamente
inalienáveis, também corre riscos se deixarmos de valorizar a sua defesa e os
entendermos como algo de consumado.
A democracia, mesmo com os seus óbices, é um regime de liberdade, de
direitos e garantias fundamentais, de sociedade aberta, mas simultaneamente
também por isso frágil face ao que na sombra, como a História nos recorda a
todo o momento, se pode maquinar.
Lembrar Abril de 1974 é recordar que a tarefa da construção democrática
é sempre algo de inacabado.
No final e em uníssono: a Grândola Vila Morena.
Sem comentários:
Enviar um comentário