eis o primeiro verso de um belo poema de José Saramago, hoje cantado e musicado por Bruno Pinho, num dos momentos muito especiais da sessão: Leituras de Saramago na sala de leitura da biblioteca da ESAF. Este momento musical inédito, preparado a propósito para hoje, acontece no âmbito da celebração da Semana da Leitura a decorrer na ESAF.
Parabéns, Bruno Pinho (aluno que foi nosso) pela tão sentida e impecável interpretação do poema de Saramago (ínsito na obra "Os poemas possíveis"). Quem assistiu, teve o privilégio deste momento cultural, mas bem gostaríamos de chegar a tantos mais da nossa comunidade educativa, contando, claro, com o recato e o ambiente apropriado, porque "silêncio, vai-se cantar o "fado". E hoje foi Saramago e deixamos fluir o soar das palavras e a vibração das cordas.
~~~~~~~~~~~~~~~Se não tenho outra voz que me desdobre
Em ecos doutros sons este silêncio,
É falar, ir falando, até que sobre
A palavra escondida do que penso.
É dizê-la, quebrado, entre desvios
De flecha que a si mesma se envenena,
Ou mar alto coalhado de navios
Onde o braço afogado nos acena.
É forçar para o fundo uma raiz
Quando a pedra cabal corta caminho
É lançar para cima quanto diz
Que mais árvore é o tronco mais sozinho.
Ela dirá, palavra descoberta,
Os ditos do costume de viver:
Esta hora que aperta e desaperta,
O não ver, o não ter, o quase ser.
[José Saramago, Os Poemas Possíveis]
Assiste ao vídeo: https://www.facebook.com/biblioesaf/videos/831057991628846
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