21 de junho de 2020

Li, gostei e recomendo... a palavra aos leitores

O que nos diz Marisa Viana, aluna do 12.º C da ESAF, sobre este livro que leu, gostou e recomenda...

Título: Nós
Autor: Evgueni Zamiatine
Editor: Antígona
N.º de págs.: 287
Ano de publicação (pt) : 2017 (4.ª ed.)
Categoria: Romance distópico


“Por sugestão da minha professora de português, li recentemente a obra “1984”, de George Orwell, e logo me interessei por distopias. Procurei, portanto, outros títulos conhecidos, como “O admirável mundo novo”, entre outros. Até que descobri, numa feira do livro da nossa biblioteca escolar, aquela que foi a grande origem da literatura distópica, a obra que serviu de inspiração a “1984” e a outras distopias: trata-se do livro “Nós”, de autoria de Evgueni Zamiatine. 
Tal como referi, conta a história de um mundo distópico, em que os "indivíduos" (apenas são abordados adultos), não possuem nomes como João ou Maria, mas são identificados por uma letra seguida de um número: as vogais para os "indivíduos" do sexo feminino e as consoantes para os do sexo masculino. Estes "indivíduos" (que assim não lhes podemos chamar pois não possuem uma vida individual) vivem em comunidade, como um todo, em que todos falam em “nós” e nunca em “eu”. Esta comunidade é regida pelo Benfeitor, o líder supremo, e as regras e proibições são evidentes, tal como num Estado totalitário. Quem desobedecer à lei, tem de prestar contas à Máquina do Benfeitor.
A cidade que serve de palco à ação é perfeitamente geométrica, regida por leis matemáticas, em que os edifícios são todos feitos de vidro, permitindo ver o seu interior e não havendo lugar para a privacidade (nem tal conceito é conhecido ou necessário), exceto em momentos de encontros amorosos em que é autorizado o fecho das persianas (se possuidores de cupões cor-de-rosa). 
A personagem que merece destaque na história é D-503, o narrador, responsável pela construção do Integral, aparelho semelhante a uma nave espacial que levará a comunidade em viagem à procura de vida inteligente no Universo. A vida deste D-503 parece correr na normalidade, até conhecer E-330, mulher excêntrica, totalmente em desacordo com os padrões da sociedade, mas que capta a admiração de D-503, sendo que este fica obsessivo e não consegue viver sem a presença dele. Contudo, rapidamente percebe que esta mulher o está a transformar psicologicamente. D-503 vê-se diagnosticado com uma doença: ser possuidor de uma alma. Preso nesta mudança interior que não consegue travar, os seus pensamentos, que até àquele momento estavam em sintonia com os de todos os outros, passam a centrar-se nele próprio, começando a questionar a sua vida, a sociedade que o rodeia e o Benfeitor, cometendo crimes e desrespeitando a Tábua dos Mandamentos.  
D-503 enfrenta uma batalha árdua para tentar voltar a ser quem era, porém, não consegue nem quer afastar-se de E-330, aquela que o está a empurrar para um buraco sem fundo. Até que se dá a Revolução. O nosso protagonista descobre tarde demais que está metido num plano contra o regime do Benfeitor (da Terra, Estado Único) e não há maneira de voltar a trás. Será a revolução capaz de acabar com o Estado Totalitário? Voltará D-503 a ser o que era? Ou terá também ele que ser sujeito à “fantasioctomia”, operação realizada àqueles que possuem imaginação? 
Nada melhor para encontrar as respostas a estas perguntas do que ler esta magnífica obra, que nos faz viajar até um mundo dominado pela fria racionalidade e nos faz refletir sobre a essência humana e os valores por nós defendidos, sobretudo o amor.

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